Hoje tive que conversar com rapaz da minha equipe, moço de menos de 30 anos que subiu rapidamente na empresa pelos dotes que tem com as novas tecnologias, mas que é ainda imaturo e meio "sem noção" quando o assunto é educação, respeito ao outro e hierarquia. Não sendo burro, entendeu logo o recado - uma qualidade minha é a objetividade, e quando digo qualidade não falo de virtude, falo de característica, nem sempre minha objetividade ou minha franqueza agradam - mas adotou postura defensiva e logo sapecou um "estou trabalhando demais". Olhei bem pro guapo, malhado de academia, e respondi: "tô com pena não, cansada estou eu!".
Fiquei pensando como a moçada hoje em dia se queixa! Nem vou falar, aqui, da dificuldade nos relacionamentos amorosos, são todos eles superseletivos e pouco capazes de doação, ao menor sinal de problemas pulam fora e odeiam a palavra compromisso. As queixas, me parece, são fruto do desmantelamento da família - não falo do fato de um casal permanecer amorosamente casado ser cada vez mais raro, não é a esse "desmantelamento a que me refiro, falo é do fato dos casais, mesmo descasados, não saberem mais como educar seus filhos. Falo da falta que faz a educação básica, aquela que vem de casa, pelo exemplo e pelo treino mesmo dos pequeninos. Falta ensinar as palavrinhas mágicas "obrigado" e "por favor". Falta ensinar a ficar calado e ouvir o outro. Falta ensinar a olhar nos olhos e a assumir pequenas responsabilidades, depois as médias, por fim a própria vida. Falta exercitar a solidariedade. Falta valorizar o muito que se tem, os gestos que são simples e as pequenas gentilezas. Falta ensinar a apreciar o belo e a exercer o amor. Aquele rapagão com ar emburrado, nascido em berço esplêndido, formado numa das melhores universidades públicas do país, talvez tenha ascendido cedo demais na carreira - coisas da rapidez das coisas do mundo e das mudanças tecnológicas. Mas não consegue se livrar da fantasia adolescente do herói: ainda se vê envolto em capa vermelha - e não para salvar o mundo, apenas para se sentir acima de todos.
E, sei eu, a crise já vem. A empresa vai fazer cortes. E a escolha talvez recaia exatamente sobre o nosso herói...
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